29 novembro 2006

A Primeira Vez

Se há momento que assusta qualquer mortal – e estou seguro que nisto nem os deuses e deusas do Olimpo escaparam – é o da primeira vez. Não me refiro à primeira vez da adolescência, mas quando uma pessoa vai para a cama com outra. E também acredito que a coisa se revela mais difícil para o homem do que para a mulher.

É como um baptismo de vela; sempre sonhámos em dominar o mar em cima de uma casca de noz, mas há tanto para aprender dentro de um barco que o medo do desconhecido acaba por nos assustar.

O bom – e o menos bom – da primeira vez é ser tudo novo: o corpo, a pele, as bocas, as mãos, as vozes, o ritmo. Há quem prefira entrar a matar e impor o seu estilo e há quem se deixe levar pelo estilo da parceira até perceber do que é que ela gosta. Raramente se fazem perguntas, por não existir ainda à vontade para a verbalização. Por isso, a primeira vez pode ser uma viagem ao moinho da asneira, um passeio numa montanha russa ou uma volta ao comboio fantasma. Até pode ser muito bom – e se for esse o caso, convém que a parte feminina o diga a alto e bom som para que o macho se sinta seguro – mas é diferente de tudo o que já se experimentou pela simples razão de que todas as pessoas são diferentes.

O que deve preocupar os homens é que estilo adoptar: será que vou berrar com ela, virá-la do avesso, dar-lhe umas palmadas e fazê-la sentir que quem manda aqui sou eu? Ou é preferível ficar calmo e fazer tudo com cuidado, delicadeza e requinte? Se há muitos homens que seguem os instintos mais básicos e fazem o que lhes apetece sem pensar na coisa, também há outros que reflectem sobre a estratégia a adoptar, o que, aliás, só lhes fica bem.

O sexo é um terreno infinito de prazer e, se for encarado enquanto work in progress, é natural que melhore com a prática. Mas todo o cuidado é pouco. Dizem os anglo-saxónicos que nunca temos uma segunda oportunidade para criar a primeira impressão. No sexo, felizmente não é bem assim. Se nem tudo corre de feição à primeira, voltamos à vela; talvez as condições envolventes não fossem as melhores.

Erros fatais como: falar de outros parceiros, comentar o tamanho do equipamento em termos comparativos, adormecer logo a seguir ou atender uma chamada da ex-mulher ou do ex-marido no quarto de hora seguinte são gaffes que o outro nunca mais esquecerá. E a conhecida expressão ‘morreu ali mesmo à minha frente’ é totalmente verdadeira, ainda que empregue em sentido figurado. Como em tantas outras ocasiões na vida, se não sabe bem como fazer, pelo menos saiba o que nunca deve fazer ou dizer. O silêncio é de ouro e as medalhas fazem bem ao ego. E ao sexo.

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