06 dezembro 2006

CONSTRUÇÃO DO AMOR



O acto povoado de pássaros azuis devorando a vertigem nocturna.
Sufocação infindável, flutua.
Erguem-se os muros do desejo, eternamente sensível.
Como um animal deserto respiro a espessura da carne, a nitidez do abismo.

Um fogo vegetal principia a luta, o ritmo.

Silenciosamente a terra abre-se: uma luz nasce no ventre.
Secreta e pura.
Reconheço essa luz, esse fruto adormecido no rosto.

Representar a água com os lábios.
Acender o sangue apenas legível enquanto durável.
Conter o silêncio que respira o fragmento de uma palavra.
A presença intacta de uma boca.

Por ambos os braços a mesma distância do que digo:
é talvez o caminho atravessando devagar as águas do peito.

Uns pulsos tão frágeis como pássaros.

Detido o instante da sede, resta somente o cansaço vivo do corpo, da noite.

A ausência é um desejo do silêncio.
Um encontro incomunicável do corpo com as coisas.
Como escutar os sons do leite na profundidade dos seios.

Liberto o peito lentamente à espera do dia.
Vem das sombras crescendo o lugar da dúvida.
Dos olhos começa a distância do caminho.

1 comentário:

Anónimo disse...

Esta lindo lindo lindo só isso que tenho para dizer beijocas